terça-feira, 29 de setembro de 2009

Madrigal Melancólico


O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

Manuel Bandeira
11 de junho de 1920


colegiosaofrancisco

4 comentários:

Anônimo disse...

Quanta coisa bonita e interessante aqui hoje Ely.
Bjs.

Sarinha disse...

muito lindoo !!
:D

bjoos

Marlene Oliveira disse...

Desde adolescente amo este poema!

Só tem um comment no meu último post... passa lá? :) Obrigada, bjs! Hoje 30/09 é meu aniversário, fica a visita de presente!

Marlene Oliveira disse...

Super obrigada, Ely! Amei! :) Pra você tudo o que o seu coração desejar!

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