sábado, 31 de maio de 2008

Biografia do 'Mago' Paulo Coelho revela detalhes da sua vida























Como os milhões de leitores de Paulo Coelho mundo afora, o jornalista Fernando Morais tinha vontade de conhecer os mistérios que cercavam o escritor. “Eu sabia o que ele é, o autor que mais vende livros hoje, mas tinha curiosidade de saber quem estava debaixo daquela pele”, diz Morais, que durante quatro anos grudou em Paulo Coelho para escrever ‘O Mago’, calhamaço de 620 páginas da editora Planeta que chega hoje às livrarias.
O livro, porém, só ganhou vida quando o biógrafo teve acesso a um baú com quatro décadas de memórias e confissões de Coelho. “Quando abri o tal baú, parecia o Santo Graal em ‘Indiana Jones’. Saiu anjo e saiu demônio — mais demônio que anjo, aliás”, diz ele. Apesar de experiente — são suas as biografias ‘Olga’ e ‘Chatô’ —, Fernando Morais se viu confuso, diante de um diário bem diferente da imagem zen que Paulo Coelho tem hoje.
Em 170 cadernos e 100 fitas de áudio, o futuro autor de ‘O Alquimista’ expunha suas experiências com drogas, suicídio, loucura, satanismo, tortura, homossexualidade. “Achei que era muita areia para o meu caminhão. Ali não tem uma vírgula que não seja espantosa. Achei muita coragem dele se expor assim. Se minha vida tivesse metade dessa tragicidade, não sei se teria peito de vê-la publicada”, admite.
Ao encontrar Paulo Coelho pela primeira vez, no início de 2005, Morais impôs uma condição. “Logo de cara, falei: ‘você não lerá os originais’. Ele topou sem fazer exigências”, conta. Já abrir o baú não foi fácil.
“O Paulo havia determinado, em seu testamento, que o baú deveria ser incinerado logo após sua morte. Ele só me deixou ver o que havia lá se eu descobrisse o nome do major que, em agosto de 1969, ameaçou arrancar seu olho e comer, num quartel no Paraná.” Fernando descobriu. O nome do major, que aparece em listas do projeto Brasil Nunca Mais por seu envolvimento em torturas na ditadura, está na página 228 de ‘O Mago’.
Não é a revelação mais perturbadora do livro. Depois de fazer um aborto, no início dos anos 70, uma namorada de Paulo pensou em se matar. Ele não só a incentivou, como parte de um tratamento de choque psiquiátrico, como ficou vendo-a, entupida de barbitúricos, nadar ao encontro da morte no mar de Ipanema.
Por sorte, ela escapou. Há sexo num cemitério, a descrição de suas três experiências homossexuais quando jovem e até um encontro pavoroso com o demônio. ‘O Mago’ oscila entre várias literaturas: fantástica, esotérica, romance, terror. Mas termina como um conto de fadas. Paulo Coelho é hoje o único autor vivo traduzido em mais línguas do que William Shakespeare.
No mundo: Livro será lançado em 47 países.
UNANIMIDADE?
Paulo Coelho, 60 anos, já vendeu mais de 100 milhões de livros. É publicado em 160 países e 66 idiomas. Apesar disso, e de ser membro da Academia Brasileira de Letras desde 2002, a crítica brasileira ainda torce o nariz para ele. “Isso é só no Brasil. O mundo inteiro o adora. Umberto Eco o elogia. Na França, ele recebeu a mais alta honraria. No exterior, só Pelé é tão conhecido quanto ele. Aqui, é como dizia o Tom (Jobim): o sucesso é recebido como uma bofetada”, diz Fernando Morais.
DE CARONA
Até dezembro, ‘O Mago’ será lançado em 47 países. Efeito da popularidade de Paulo Coelho. Fernando Morais torce para que o livro pegue uma carona no sucesso de seu biografado. “Que o Menino Jesus barbudo te ouça!”, brinca. No Brasil, o livro, que custa R$ 59,90, sairá com tiragem de 100 mil exemplares.
SEM AFETAÇÃO
No início do livro, Morais descreve a vida de popstar que Paulo Coelho leva, sempre ao lado da mulher, a artista plástica Christina Oiticica. “Achei que ele seria um Mick Jagger, mas não. É simples, não tem afetações.”

FONTE: O DIA

Um comentário:

Ely disse...

Nunca gostei do Paulo Coelho. Nunca gostei dos seus livros.

Dias atrás, no Jornal "O Globo ", na coluna Nhenhenhém de Jorge Bastos Moreno - de Brasília, publicou a seguinte nota:

Mais um que se passa pelo mestre Cony.
Quem narra é o próprio autor Fernando Morais:

"Em 1967, aos 20 anos de idade, Paulo Coelho foi internado pela terceira vez num hospício pelos pais. Depois de penar algumas semanas com eletrochoques, fugiu pela terceira vez do manicômio, tomou um ônibus e desembarcou em Aracaju. Permaneceu três semanas na capital sergipana fazendo-se passar por dramaturgo que já havia dirigido até o Paulo Autran no Rio. Convidado a escrever algo para um jornal local, copiou ipsis litteris uma coluna do Carlos Heitor Cony no "Correio da Manhã" e assinou embaixo: Paulo Coelho de Souza. Descoberto, fugiu para Salvador, onde arranjou com a irmã Dulce uma passagem de ônibus para voltar ao Rio. Cony, que em 2002 votaria em Paulo para a ABL, "só saberia dessa história na primeira semana de junho, quando "O mago " for lançado no Brasil. Mas agora vai saber lendo esta coluna."

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