quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Que embalagem é essa?


A idéia de escrever sobre as embalagens surgiu logo na primeira aula de Logística da Gestão Ambiental, disciplina que leciono na universidade. Quando os alunos são participativos, o que não faltam são idéias! O nome da disciplina pode assustar, mas não se deixe intimidar: ela trata do fluxo de retorno dos produtos – usados, pouco usados ou, até mesmo, sem uso, bem como de suas embalagens.
Eu explico. Hoje, os avanços tecnológicos, tendo por principal aliado o marketing e a logística, colocam à nossa disposição uma quantidade cada vez maior de produtos – velocidade de causar inveja ao melhor sistema de distribuição. Essa velocidade faz com que descartemos cada vez mais rapidamente os itens recentemente adquiridos – eletrodomésticos, celulares, computadores –, reduzindo, assim, sua vida útil. Até aqui, tudo bem. Devemos, porém, nos lembrar que esses produtos chegam até nós em embalagens maravilhosamente estudadas, concebidas de forma a serem leves, resistentes e com a finalidade de proteger nossa encomenda.
Nessa mesma aula, enumeramos algumas embalagens, identificando o material com o qual são fabricadas: sacos de plástico, de papel, até mesmo de plástico com alumínio (você já reparou como é o interior das embalagens dos salgadinhos?); caixas de papelão, de isopor, de madeira, de metal; fitas, cordas e laços de todas as cores. Isso, sem falar nas embalagens dos alimentos, perecíveis ou não; nas embalagens das bebidas (vidros, plásticos, PETs, latas de alumínio), dos sucos (vidros, plásticos), dos iogurtes (plásticos), do leite (tetra pak). E ainda há as embalagens das perfumarias, do setor de limpeza. E o que dizer das embalagens das embalagens?
Eu sei, e você também sabe, que as embalagens constituem hoje um fator preocupante. Isso porque precisam ter um destino final seguro, de forma que não danifiquem o meio ambiente e que não nos atinjam, direta ou indiretamente. Devemos ter em mente que locais impróprios, como terrenos baldios, lixões, arroios, rios e riachos, não combinam com os princípios de desenvolvimento sustentável e de prevenção de danos ao meio ambiente.
E, enquanto meus alunos iam falando, me dei conta de que grande parte dessas embalagens já tem algum tipo de “caminho de volta”: o alumínio, o plástico, o PET, a borracha, o vidro. Alguns economicamente muito atrativos. Você já reparou que é difícil encontrar latinhas de alumínio nos lixos? Após uma rápida pesquisa, descobri que, entre os países que não possuem legislação específica para a reciclagem do alumínio, o Brasil é o campeão. Isso significa que reciclamos 94,4% das latinhas consumidas. Assim, nossa tarefa é apenas a de encaminhar esses materiais aos locais corretos.
Reutilização, reciclagem, reaproveitamento. Palavras que devemos ter sempre em mente quando tivermos uma embalagem em mãos. Assim, proponho que nas próximas compras nos lembremos das embalagens: após utilizá-las, que tal pensarmos no seu caminho de volta!?


Mariusa Colombo é bióloga, especialista em Saneamento Ambiental e mestre em Desenvolvimento Sustentável e Gestão de Sistemas Agroambientais da Universidade de Bolonha, Itália.

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