quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Trago Pessoa Amada em Três Dias

Minha mente realmente funciona de um modo estranho.
As pessoas vêem essa placa e criam todo tipo de fantasia romântica em cima disso.

Elas se imaginam desesperadas, ensandecidas de paixão, indo numa bruxa de subúrbio pra encantar quem adoram e conquistar a felicidade eterna.

Devem ser pessoas que amam mais do que são amadas, desejam mais do que são desejadas.

O que espanta é que um pesadelo tão aterrorizante como esse seja considerado um cenário romântico. Afinal, pra cada pessoa que manda trazer seu amado existe (teoricamente) um amado relutante que queria apenas prosseguir com a sua vida.

Estou em casa, lendo um livro, e de repente sou tomado por um ardor repentino de ficar pra sempre com aquela leitora chata de Goiânia que se apaixonou subitamente por mim e em quem eu já dei dois tocos. Nem paro pra pensar. Largo tudo. Não apareço na aula que tenho que dar. Dane-se o trabalho de consultoria que estou tentando vender. Foda-se minha mulher, que tenta me segurar pelos tornozelos. Vou até a rodoviária e pego o primeiro ônibus para Goiânia. Um homem com uma missão. Um homem trazido.

Depois, enquanto estou sentado no sofá da sala da minha amada, assistindo Domingo Legal com olhar de peixe bobo, ela vai até Mãe Dinalda da Silva dar sua contribuição. Mãe Dinalda não cobra pelo serviço, mas, afinal, deu certo, não deu?

E quanto será que vale pra ela ter conseguido me trazer? 50? 100? 500 reais? Um tabuleiro de arroz-doce? Um chaveirinho?

Nessa hora, eu acordo gritando.
Por Alex Castro
http://www.sobresites.com/alexcastro/artigos/trago.htm

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