sexta-feira, 1 de maio de 2009

O FUMO EM LUGARES FECHADOS


Drauzio Varella

Agora que as paixões acalmaram volto à proibição do fumo em ambientes fechados, aprovada pela Assembléia Legislativa de São Paulo.

Incrível como esse tema ainda gera discussões acaloradas. Como é possível considerar a proibição de fumar nos lugares em que outras pessoas respiram uma afronta à liberdade individual?

As evidências científicas de que o fumante passivo também fuma são tantas e tão contundentes que os defensores do direito de encher de fumaça restaurantes e demais espaços públicos só podem fazê-lo por duas razões: ignorância ou interesse financeiro. Sinceramente não consigo imaginar terceira alternativa.

Vamos começar pela ignorância. Num país de baixos níveis de escolaridade como o nosso, nem todos têm acesso a conhecimentos básicos. A fumaça expelida dos pulmões fumantes contém, em média, um sétimo das substâncias voláteis e particuladas do total inalado. Já aquela liberada a partir da ponta acesa, contém substâncias tóxicas em concentrações bem maiores: três vezes mais nicotina três a oito vezes mais monóxido de carbono, 47 vezes mais amônia, quatro vezes mais benzopireno e 52 vezes mais DNPB (estes dois cancerígenos potentes).

Por serem de tamanho menor, as partículas que se desprendem da ponta acesa, produzidas durante 96% do tempo em que um cigano é consumido penetram com mais facilidade nos alvéolos pulmonares. Depois de uma manhã de trabalho num escritório em que várias pessoas fumam, a concentração de nicotina no sangue de um abstêmio pode atingir os níveis de quem tivesse fumado três a cinco cigarros. Empregados de bares e restaurantes que passam seis horas em ambientes carregados de fumaça, chegam a ter concentrações sanguíneas de nicotina equivalentes a de quem fumou cinco ou mais cigarros.

Mulheres gestantes expostas à poluição do fumo em casa ou no trabalho apresentam nicotina não apenas na corrente sanguínea, mas no líquido amniótico e no cordão umbilical do bebê. A nicotina inalada pelo fumante passivo, associada ao monóxido de carbono, provoca lesões nas paredes internas das coronárias, redução do fluxo de sangue e do aporte de oxigênio para o músculo cardíaco, facilitando a formação de placas de ateroma e a ocorrência de infartos.

Um estudo feito por um grupo da Universidade Harvard entre 32.046 mulheres que nunca fumaram, ao contrário de seus maridos, mostrou que a incidência de doença coronariana entre elas atingiu quase o dobro daquela encontrada entre mulheres não expostas.

Pesquisa da Universidade Yale, nos Estados Unidos com 10 milhões de mulheres de maridos fumantes revelou que a incidência de câncer de pulmão foi o dobro da esperada entre não fumantes.

Há poucos meses, nesta coluna citei um estudo recém publicado pela Universidade de Glasgow para avaliar o impacto da lei que proibiu o fumo em bares e restaurantes na incidência de ataques cardíacos.

Nos dez meses que antecederam a vigência da lei foram internados nos hospitais de Glasgow 3.235 pacientes com quadros coronarianos agudos. Nos dez meses seguintes à proibição houve 551 casos a menos. Houve queda em todos os grupos: 14% nos fumantes

19% nos ex-fumantes e 21% nos não fumantes, a diminuição mais acentuada.

Para não abusar de sua paciência, leitor, serei breve: os dados são inequívocos, os fumantes passivos estão sujeitos a sofrer dos mesmos males que afligem os ativos.

Agora, vamos ao interesse pessoal dos que entendem que proibir a poluição ambiental causada pelo fumo é uma interferência do Estado na liberdade individual. Se ainda não foi inventado um método de exaustão capaz de impedir que a fumaça se dissemine pelo ambiente inteiro, esses senhores defendem o indefensável. Liberdade para, por meio de uma ação individual, causar mal à coletividade? Não sejamos ridículos.

Os sindicatos dos empregados de bares e restaurantes que sempre se levantaram contra a proibição alegando risco de desemprego (fato que não ocorreu em nenhuma cidade do mundo), que medidas tomaram até hoje para proteger seus associados da poluição ambiental em que trabalham? Alguma vez lutaram para que eles recebessem adicional de insalubridade? Para que tivessem um plano de saúde decente?

Não é função do Estado proteger o cidadão do mal que ele causa a si mesmo. Mas é dever, sim, defendê-lo do mal que terceiros possam fazer contra ele.
Fonte : Folha de São Paulo


Verdades sobre o cigarro

Doenças causadas pelo cigarro

O cigarro é responsável por:

80 mil mortes por ano no Brasil (10 pessoas por hora)

25% das mortes causadas por doença coronariana - angina e infarto do miocárdio
45% das mortes causadas por doença coronariana na faixa etária abaixo dos 60 anos
45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na faixa etária abaixo de 65 anos
85% das mortes causadas por bronquite e enfisema
90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos)
30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer (de boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero)
25% das doenças vasculares (entre elas, derrame cerebral)

Fumante passivo

A inalação da fumaça de derivados do tabaco (cigarro, charuto, cigarrilhas, cachimbo e outros produtores de fumaça) faz mal para as pessoas que não fumam, mas convivem com fumantes em ambientes fechados. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a fumaça dos derivados do tabaco é o maior responsável pela poluição em ambientes fechados. Existem duas formas de se inalar a fumaça do cigarro. Uma é quando o fumante traga, absorvendo 4.720 substâncias tóxicas. A outra forma é pela fumaça que sai livremente da ponta acesa do cigarro, ou de outro derivado do tabaco, para o ar ambiente e põe em risco a saúde daqueles que não fumam. Em média, este ar poluído contém três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono, e até cinqüenta vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra pela boca do fumante depois de passar pelo filtro do cigarro.

Composição Química do cigarro.

Alcatrão é um composto de mais de 40 substâncias comprovadamente cancerígenas. Entre elas, o arsênio, níquel, benzopireno, cádmio. Além disso, o alcatrão contém resíduos de agrotóxicos, como o DDT, e até substâncias radioativas, como o Polônio 210 e Carbono 14.

Monóxido de Carbono tem afinidade com a hemoglobina (Hb), presente nos glóbulos vermelhos do sangue, que transportam oxigênio para todos os órgãos do corpo. A ligação do CO com a hemoglobina forma o composto chamado carboxihemoglobina, que dificulta a oxigenação do sangue, privando alguns órgãos do oxigênio e causando doenças como a arteriosclerose.

Nicotina: Considerada pela OMS como droga psicoativa e que causa a dependência, a nicotina age no sistema nervoso central como a cocaína, com uma diferença: chega entre 2 e 4 segundos mais rápido ao cérebro. Por isso o tabagismo é classificado pelo Código Internacional de Doenças (CID-10) dentro do grupo das substâncias psicoativas que causam transtornos mentais e de comportamento. A nicotina aumenta a liberação de catecolaminas, que aceleram a freqüência cardíaca, causando vasoconstricção e hipertensão arterial, provoca uma maior adesividade plaquetária e, juntamente com o monóxido de carbono, leva à arteriosclerose, estimula no aparelho gastrointestinal a produção de ácido clorídrico, o que pode causar úlcera gástrica, estimula o sistema parassimpático, o que pode provocar diarréias e ainda libera substâncias quimiotáxicas no pulmão, atraindo para o órgão os leucócitos neutrófilos polimorfonucleares, a maior fonte de elastase, que destrói a elastina e provoca o enfisema pulmonar.
© Ministério da Saúde - Campanha Antitabagismo

As matérias e artigos constantes nesta página, são preparados apenas para informação, não constituem, portanto, aconselhamento legal ou endosso .

Um comentário:

Beth Cruz disse...

Fumar é uma burrice, um dia vou para com isso, rsrssss.
Falando sério, o cigarro deve ser proíbido em locais fechado. Ninguém é obrigado a fumar por tabela, deixa os danos do tabagismo apenas com aqueles que fizeram a opção de fumar.
Abraço Jime

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