
Resolvi escrever sobre mudança porque tenho vivido isso em todos os cantos da vida. Por onde olho, reparo algo diferente. De um lado, sinto uma tristeza que me dói na alma. De outro, um entusiasmo danado.
De vez em quando, sou invadida por um medo de arrepiar. Mudar é uma situação de toda hora: a gente muda o segredo da chave, compra um outro celular, corta o cabelo, arruma os móveis da sala. Quem não gosta de comprar uma roupa na loja e sair vestido com ela? Enfim, o novo dá um toque diferente à rotina. Pode até enganar, como quando se trocam os lençóis, e a cama continua a mesma.
E para as mudanças indesejáveis?
A gente acaba sempre tendo que encará-las, mesmo com espanto no rosto e soluços no peito. Isso acontece quando nos deparamos com o envelhecer que se prenuncia nas rugas ou nos fios de cabelo branco. As tintas para o cabelo, os cremes, as dietas, uma parafernália de coisas que fingem atrasar o relógio biológico enchem as prateleiras do banheiro.
A vida da família também sofre reboliços. Cada um vai para um lado. Os filhos saem de casa e nós, os pais, queremos alucinadamente o novo. Aí, vêm as perdas. De repente, quase que num susto, nos vemos dentro de uma casa cheia de pratos, camas e armários vazios. É uma novidade passar o final de semana conversando com as paredes, almoçar sozinha no restaurante ou assistir a um show sem estar acompanhada. É sofrido desgarrar e encarar esse novo rumo, por mais desejado que algum dia tenha sido. O pior, a gente acaba descobrindo que sente falta das situações que mais abominou quando a família estava convivendo debaixo do mesmo teto. Dá para entender a maluquice?
É a maior pedra no início do caminho em que tropeçamos e caímos. Mas é preciso prosseguir, não dá para voltar atrás.
Depois, surge a necessidade de mudar de endereço. Outro desafio. Sem falar de todas as decorrências que vêm embaladas no caminhão de mudanças, o dinheiro no banco é a principal delas. É duro de encarar.
Mas isso é a vida que vai continuar a nos presentear com mudanças. Quem sabe um amor nos bata à porta, trazendo os ares da adolescência? Quem sabe aprenda outros modos de ser feliz? Quem sabe...
Tereza Malcher é educadora e autora de livros infantis.
De vez em quando, sou invadida por um medo de arrepiar. Mudar é uma situação de toda hora: a gente muda o segredo da chave, compra um outro celular, corta o cabelo, arruma os móveis da sala. Quem não gosta de comprar uma roupa na loja e sair vestido com ela? Enfim, o novo dá um toque diferente à rotina. Pode até enganar, como quando se trocam os lençóis, e a cama continua a mesma.
E para as mudanças indesejáveis?
A gente acaba sempre tendo que encará-las, mesmo com espanto no rosto e soluços no peito. Isso acontece quando nos deparamos com o envelhecer que se prenuncia nas rugas ou nos fios de cabelo branco. As tintas para o cabelo, os cremes, as dietas, uma parafernália de coisas que fingem atrasar o relógio biológico enchem as prateleiras do banheiro.
A vida da família também sofre reboliços. Cada um vai para um lado. Os filhos saem de casa e nós, os pais, queremos alucinadamente o novo. Aí, vêm as perdas. De repente, quase que num susto, nos vemos dentro de uma casa cheia de pratos, camas e armários vazios. É uma novidade passar o final de semana conversando com as paredes, almoçar sozinha no restaurante ou assistir a um show sem estar acompanhada. É sofrido desgarrar e encarar esse novo rumo, por mais desejado que algum dia tenha sido. O pior, a gente acaba descobrindo que sente falta das situações que mais abominou quando a família estava convivendo debaixo do mesmo teto. Dá para entender a maluquice?
É a maior pedra no início do caminho em que tropeçamos e caímos. Mas é preciso prosseguir, não dá para voltar atrás.
Depois, surge a necessidade de mudar de endereço. Outro desafio. Sem falar de todas as decorrências que vêm embaladas no caminhão de mudanças, o dinheiro no banco é a principal delas. É duro de encarar.
Mas isso é a vida que vai continuar a nos presentear com mudanças. Quem sabe um amor nos bata à porta, trazendo os ares da adolescência? Quem sabe aprenda outros modos de ser feliz? Quem sabe...
Tereza Malcher é educadora e autora de livros infantis.
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