Dias atrás, estava sintonizada num programa
americano chamado Super Nanny - no canal GNT. O programa
mostra filhos 'problemas', e que acabam por infernizar a vida dos pais -
tudo muito louco. Este programa mostra o trabalho de uma profissional da
educação, que vai à casa de casais desesperados, para lhes ensinar a educar
seus filhos – coisa que até então não aconteceu. O drama já começa por aí: pais
que não têm noção nenhuma de coisa alguma. É necessário passarem pelo básico:
'O vovô viu a uva...'
Após ver o horror que se passa entre esses pais e filhos,
Nanny começa um trabalho para reverter o caso, monitorando as atitudes das
famílias por 24 horas, pelo seu computador. Depois disso vem toda uma conversa,
mostrando os erros dos pais no quesito disciplina, obediência, etc. Nesse ponto
já se começa a ver as aberrações dos pais; das crianças nem falo, tornaram-se
incrivelmente rebeldes.
Putz, mas que crianças... O último programa que vi, dava pena: um dos filhos,
lá pelos seus 5 anos, conduzia a vida do casal: dava pontapés no pai, tapas no
rosto da mãe... Fazia e acontecia.
Nessa hora pensei cá com meus botões: 'Ah, como eu
gostaria de ser mãe desse garoto...' Parecia que o menino estava pedindo para
ser educado: 'me eduquem porque vou ficar insuportável!'
Chegou um momento que começou um jogo com as crianças:
conforme o desempenho de boa conduta, iam colocando 'estrelinhas' num quadro,
para mais tarde serem premiadas com algo que gostassem. Que coisa; eu nunca
tinha visto aquilo! Coisa do tipo: faça o que quero que ganhará um docinho.
Nossa Senhora dos Aflitos...
Confesso que esse método não me convenceu. Nós, crianças
de gerações passadas, não fomos educados assim, com essa liberdade e
insegurança dos pais. De minha parte nunca recebi estrelinhas ou balinhas por
me comportar dentro dos padrões exigidos por meus pais: me comportava porque
tinha pais que mandavam, havia uma hierarquia familiar: tinha os que mandavam e
os que obedeciam; alguém tinha de pilotar aquela navio, transatlântico, seja lá
o que for; filhos não podem ser criados soltos. E não fiquei nada infeliz e nem
com traumas.
Pais não podem ser omissos e frouxos. A passividade na
educação é uma atitude inadmissível. Realmente eu fiquei sem saber se o mais
doente ali eram as crianças ou os pais. É triste de se constatar o despreparo
dos pais. Cadê o comandante do barco? Sem comandante a coisa anda à deriva, vai
se arrastando até afundar. Se educando, a coisa já não fica 100%, imaginem
largando, dando aquela liberdade desassistida - que os filhos adoram.
Atualmente o que mais se vê são crianças baterem pé em
supermercados, gritarem em lugares públicos, correrem entre as mesas dos
restaurantes ou abrindo a goela seja onde for. Falta aí uma atitude, um 'Não' com
convicção, soletrado e com firmeza. É de irritar ver uma criança berrar, armar
um circo e seus pais ali, uns pamonhas sem nenhuma atitude. Falta o tal
'endurecer com ternura...'
Filhos sentem quando podem dominar o meio de campo. Mas
incutir valores afetivos e morais, dar amor, cuidar, estabelecer limites e
fazer com que tenham responsabilidades é primordial; ter responsabilidades não
é trabalho escravo.
A criança tem de aprender que ela só se dará bem se
respeitar e for respeitada. E esta tarefa, e outros tantos valores são
responsabilidades dos pais.
É difícil, mas não tem outro jeito. É o que penso.
Tais Luso de Carvalho
Fonte: http://taisluso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário