segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Correspondente Roberto Kovalick se despede de Tóquio em uma crônica



Edição do dia 06/07/2013
06/07/2013 16h54 - Atualizado em 06/07/2013 16h54

Repórter cita quais lembranças do Japão gostaria de levar na bagagem.
Entre as principais caracteríticas da cidade estão a organização e a limpeza.

Uma missão quase impossível. Na hora de ir embora, recolher numa mala lembranças de um país que conquista a gente.

Os japoneses são famosos por fabricarem bons automóveis. Para mostrar uma das coisas que me deixarão com saudades, eu apresento a você a garagem do prédio onde moro. A minha vaga na garagem está vazia. É um luxo viver em uma cidade em que a gente só tem carro se quiser. Porque precisar, não precisa.

Trabalhadores, empresários, ricos ou pobres. Na democracia do transporte público eficiente e pontual, todos são iguais e ninguém chega atrasado. Pena que isso não dá para levar na mala, que roda pelas ruas de Tóquio sem nenhum risco de ficar suja. Os japoneses são obcecados por limpeza e, na maioria das ruas, a gente não vê um pedacinho de papel no chão. Como a gente coloca "limpeza" na mala? E segurança? Eu poderia deixar a mala numa esquina de Tóquio e o risco de ela ser roubada é quase zero. Se alguém pegar, será provavelmente para entregar no posto da policia.

Apesar de ser uma gigantesca megalópole, Tóquio parece uma cidade pequena, cheia de ruas estreitas e jardins bem cuidados. No meio da paisagem de cimento e aço, lugares que trazem paz e tranqüilidade, inspiradas pela fé dos japoneses.

O mercado do peixe é o maior do mundo.  Foi em volta desse mercado que nasceu o prato mais famoso do Japão: o sushi.
O legítimo sushi é mais simples do que algumas versões servidas em outros países. Leva apenas arroz e peixe. A arte dos chefes japoneses transformou simplicidade num prato elegante e delicioso, que conquistou o planeta.

No Jornal Hoje, nós mostramos outras delícias e curiosidades japonesas: caranguejo gigante, carne de vaca que é tratada com massagem, o fugu, o peixe que, se não for bem preparado, mata quem estiver comendo. Tóquio é a cidade com mais restaurantes no mundo, são 160 mil. Uma vida não é suficiente para conhecer todos eles, mas os sabores de alguns poucos ficarão guardados.

Assim como o exemplo de organização, resistência e dedicação durante a tripla tragédia do terremoto, tsunami e acidente nuclear. Numa época em que faltava comida, água, transporte, os japoneses esperavam pacientemente nas filas. Um grupo de idosos chegou a se oferecer para trabalhar na usina atômica de Fukushima, para poupar os trabalhadores jovens do risco da radiação.

Depois de percorrer Tóquio, dá para perceber que, o melhor da cidade, não dá para botar em uma mala, mas ela não vai vazia: leva as lembranças de um país e de um povo admiráveis. Por isso, resta apenas dizer as duas palavras que qualquer estrangeiro aprende aqui: arigatô e sayonara.

Fonte: http://g1.globo.com/jornal

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