Convento do Carmo - Salvador

Uma amiga me ligou essa semana para me contar seu périplo. Foi reunir-se com um grupo de trabalho na Universidade Federal de Campina Grande, programa de matemáticos e gênios da computação, e, no retorno, decidiu emendar o fim de semana em Salvador para visitar o pelourinho.

O hotel escolhido foi o Convento do Carmo, nada mais requintado. Patrimônio histórico tombado, com SPA Occitane e serviço da rede Pestana. Um luxo. Reservou um pacote de 2 diárias com café da manha incluído; aproximadamente R$1.000, 00. Ao chegar , extasiada com a beleza do lugar , pensou no marido que estava no exterior em uma viagem a trabalho. Ela certamente voltaria lá com ele. O hotel é o lugar ideal para uma aventura à dois.

À noite foi jantar na Dadá, no restaurante do Pelô. Para os não iniciados em comida baiana, Dadá é a fada madrinha que com seu sorriso e suas mãos ilumina os caminhos que levam a comida baiana. Sentada sozinha em sua mesa, ouviu quando um homem pediu “uma sacanagem” levantando a mão por cima do balcão. Olhou assustada e riu quando percebeu que esse era o nome da bebida. Entretanto, aquele homem de quem ela só conseguir ver as costas, tinha algo de muito familiar e a curiosidade feminina fez com que ela tentasse ver também o rosto.

Que surpresa! Realmente o homem lhe era muito familiar. Foi seu primeiro namorado, seu primeiro amor e compromisso; aquele a quem podia chamar de primeiro homem da sua vida. Havia mais de 25 anos que não se viam. O namoro de 4 anos terminou de forma boba, sem muita explicação; e ele se casou logo, quase um ano depois...... bem antes dela.

Ainda assustada com a descoberta, ela se levantou e foi cumprimentá-lo. Ele demorou alguns segundos para reconhecê-la e depois, abraçou-a longamente, num abraço fraterno e carinhoso. Ele estava sozinho, os filhos ficaram no hotel. Havia ficado viúvo e nesse dia pernoitava em Salvador após uns dias de férias com os filhos em Morro de São Paulo. Estranha coincidência... Ele nem morava mais em São Paulo, havia se mudado para São José dos Campos onde a vida de engenheiro era mais calma e produtiva. Decidiram jantar e botar a conversa em dia. Acarajé de Iansã, Bobó de Camarão e colheradas de vatapá. Muita cerveja e reza para não engordar. Riram muito! Falaram dos filhos, dos planos e do casamento (dela). Ficaram de se ver. Foram embora com a certeza de que não se veriam. Melhor não mexer com o passado, ele traz emoções que não nos pertencem mais.

No dia seguinte, pensou em como seria sua vida hoje se estivessem juntos ......decidiu desistir do perigoso exercício com medo que ele criasse raizes. Deixou o quarto ... lavou a alma na piscina e transpirou seus sentimentos nas massagens e exfoliaçoes que fez no SPA da Occitane; depois , passeou mais um pouco pela cidade, voltou para o hotel para arrumar as malas e ligou para o marido. Seguiu seu caminho!

Por Maureen Flores
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