sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Haikai (俳句, Haiku ou Haicai) e Flores de Cactos

Haikai (俳句, Haiku ou Haicai) é um forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade.
Os poemas consistem em três linhas, contendo na primeira e na última cinco letras japonesas, e sete letras na segunda linha.
O principal haicaísta foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer desse tipo de poesia uma prática espiritual.
Haikai no Brasil
O primeiro autor a popularizar o haikai no Brasil foi Guilherme de Almeida, que não só o dotou de estrutura métrica rígida, mas ainda de rimas e título. No esquema proposto por Almeida, o primeiro verso rima com o terceiro e o segundo verso possui uma rima interna (a 2ª sílaba rima com a 7ª sílaba). A forma do haikai de Guilherme de Almeida ainda tem muitos praticantes no Brasil.
Uma outra corrente do haikai brasileiro é a tradicionalista. Promovida inicialmente por imigrantes ou descendentes de imigrantes japoneses, como H. Masuda Goga e Teruko Oda, essa corrente define haikai como um poema de três versos, escrito em linguagem simples, sem rima, escrito em três versos que somam dezessete sílabas poéticas (cinco sílabas no primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro). Além disso, o haikai tradicional deve conter sempre uma referência à estação do ano, expressa por uma palavra (o chamado kigo = palavra de estação).
Uma terceira forma de praticar o haikai no Brasil é a que não julga necessária a métrica nem o uso sistemático de uma referência à estação do ano em que o poema foi composto. Aqui, os principais nomes são Paulo Leminski , Millôr Fernandes e Alice Ruiz.

Mar azul...Sábado...
Liguei para o céu
e só dava ocupado!
(Leminski)


O cuco marca as horas,
mas não me avisa
porque demoras...
(Carlos Seabra)


Velho no retrato novo...
Mas, no retrato velho,
sou novo, de novo!
(Millôr)


Cabisbaixo e só
um homem caminha...
Perdeu o que não tinha!
(Eugênia Tabosa)


Minha vida é constante luta:
falo comigo
e ninguém me escuta!
(Millôr)


Quem tem boca
vá à fome
do grito que o consome...
(Saulo Mendonça)


O que me faz escrever
é a tentativa de viver,
sem ter que morrer...
(Thiago Marx)


Nunca se esqueça:
a vida, também,
perde a cabeça!
(Millôr)


Um dia, alguém deduz:
-A felicidade tem
a velocidade da luz!
(Alexandre Brito)


É meu conforto:
desta vida,
só me tiram morto!
(Millôr)


Festa chega ao fim...
Beijos na bandeja:
todos de amendoim...
(Flora Figueiredo)


Vazio agudo:
ando meio cheio
de quase tudo!
(Leminski)


Espera e olha:
entre um pingo e outro,
a chuva não molha...
(Millôr)


Descobri , num caderno,
que, antigamente,
eu era eterno...
(Leminski)


Na poça da rua,
o vira-lata
lambe a lua!
(Millôr)


De colchão, em colchão,
chego à conclusão:
-meu lar é no chão!
(Leminski)


Sentimento danado:
quando me encontro,
não me dou por achado!
(Millôr)


Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel?
(Carlos Drumond de Andrade)
Fonte: Fotos e haicais - e-mails

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