quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ao Luar


Quando, à noite, o Infinito se levanta
À luz do luar, pelos caminhos quedos
Minha táctil intensidade é tanta
Que eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos!

Quebro a custódia dos sentidos tredos
E a minha mão, dona, por fim, de quanta
Grandeza o Orbe estrangula em seus segredos,
Todas as coisas íntimas suplanta!

Penetro, agarro, ausculto, apreendo, invado,
Nos paroxismos da hiperestesia,
O infinitésimo e o Indeterminado...

Transponho ousadamente o átomo rude
E, transmudado em rutilância fria,
Encho o espaço com a minha plenitude!

Augusto dos Anjos (1884 - 1914)

Fonte: mundocultural

2 comentários:

Jorge disse...

Ely
Que bela poesia do Augusto.
Quanta sensibilidade

Parabéns!!!

Abraços,
Jorge

Silvia disse...

Brilhante. Estamos a agarrar a Lua com as duas maos!

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