
Mas muito antes dele, no século 12, o mito de Tristão e Isolda já dava uma ideia do tempo de duração de um amor apaixonado. Quando eles têm sede e bebem por engano a poção do amor, apaixonam-se e caem nos braços um do outro. Apesar disso, ao final de três anos, a poção perde seu efeito. Entretanto, se uma relação amorosa dura quatro ou vinte anos, não importa tanto quanto a dor causada pela separação.
A maioria das pessoas só se sente valorizada, com certeza de possuir qualidades, se tiver um parceiro amoroso. Se este, por qualquer razão, não desejar mais continuar a relação, o outro se sente vazio, com a sensação de que lhe arrancaram um pedaço. Mas nem sempre o parceiro satisfaz ou preenche as necessidades afetivas e sexuais do outro, mas isso não é levado em conta.
A separação é dolorosa porque impõe o rompimento com a fantasia do par amoroso idealizado, além de abalar a autoestima e exacerbar as inseguranças pessoais. A ideia de felicidade através do amor no casamento influi diretamente na intensidade da dor na separação.
A crença de que o casamento é o único meio de realização afetiva e de que é possível uma complementação total entre duas pessoas, é um equívoco extremamente nocivo. Favorece a simbiose, sobrecarregando marido e mulher como depositários das projeções e exigências afetivas do outro. Sem contar que o ressentimento e o ódio na separação são causados pela constatação de que, ao ir embora, o parceiro frustrou essa expectativa de complementação. Tudo poderia ser bem diferente. A questão é que, em quase todos os casamentos, as pessoas abrem mão da liberdade, da independência — incluindo aí amigos e interesses pessoais — e por isso se tornam frágeis em caso de ruptura.
Alguns podem apresentar um quadro de depressão e em casos extremos até tentar suicídio. Mas isso não significa que havia um grande amor. É comum, nesses casos, a falta do outro ser sentida de forma dramática por reeditar vivências de perdas anteriores. Não se chora somente a separação daquele momento, mas também todas as situações de desamparo vividas algum dia e que ficaram inconscientes.
Por Regina Navarro Lins
Fonte: odia.terra
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