sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Amar é trair


Esse é o titulo de um livro do psicólogo italiano Aldo Carotenuto, que serve de base para essa reflexão.
A filosofia tenta ir sempre além do óbvio, por isso, essa frase que dá a imediata impressão de supor que é uma referência ao amor romântico, portanto a traição conjugal, vai muito além disso.
A traição fere nossa confiança, abala a auto-estima, mas ainda que seja algo tão corriqueiro, nunca aceitamos.
A que traição me refiro? Por quê, sempre que amamos, inevitavelmente traímos ou somos traídos?
Só é traído o que espera.
Traição é o desvio da conduta idealizada.
A realidade que confronta a projeção.
A não concretização do sonho sonhado é projetar e idealizar, assim a traição permeia o amor.
Todos os pais esperam o melhor para os filhos, idealizam um futuro brilhante, cheio de conquistas e têm preferências para suas posturas e atitudes.
Somos seres não nascidos e já idealizados.
São os casais que esperam no parceiro, atitudes que ele deverá ter, antes mesmo de ser.
Mas não podemos nos limitar aos relacionamentos conjugais.
Empresas são feitas por pessoas, assim, são relacionamentos que vivem também seus conflitos.
O que esperamos da produtividade dos funcionários?
O que esperamos de quem estamos contratando?
Uma empresa, ao contrário de uma relação pessoal, tem fundamento ao esperar determinados resultados, mas nem sempre de interferir nas posturas pessoais.
Quando, por exemplo, um funcionário corrupto é descoberto, nossa decepção deve se conscientizar que não conhecemos ninguém na totalidade, sendo assim, estamos sempre sujeitos a descobertas surpreendentes, invariavelmente negativas e em desacordo com nossas expectativas.
E quando um funcionário de confiança vai para um concorrente?
Alguns levam para o lado pessoal, agem com posicionamentos de chantagens emocionais e encaram a possibilidade do funcionário subir na carreira, como uma traição.
Somos traídos em diversas situações mas também somos traidores quando não cumprimos o que idealizaram para nossas posturas, ou descumprimos as expectativas sociais, culturais, legais, etc…
Sua empresa espera que você tenha determinada postura, seus fornecedores e compradores também idealizam, não porque amam e sim porque “amam” os caminhos que optaram, então você precisa se adequar a eles.
Quero dizer com isso que conflitos são inevitáveis, desacordos devem ser esperados e não levados para a pessoalidade.
Ainda, as traições podem ser de nós, para nós mesmos, quando um objetivo não alcançado é nossa auto-traição e, como conseqüência, aos poucos desistimos de confiar em nós mesmos, abalando nossa auto-estima.
Traições são conquistas não realizadas.
São traumas e fraturas inevitáveis, reações inexplicáveis.
Se amar é projetar, idealizar, esperar, toda idealização é, em determinado momento, marcada pela traição.
Nesse sentido, amar é trair.
Rupturas são caracterizadas por expectativas idealizadas e não correspondidas.
Não há traição sem permissividade, já que toda aceitação sempre é corroborada com a idealização, previamente instaurada
Se você não espera absolutamente nada, jamais será traído.
Se você não idealiza coisa alguma, ninguém te decepcionará.
Claro que é postura utópica e inviável durante a vida, mas serve como meio para ilustrar onde está a essência da frustração que a decepção gera, na traição.
Racionalizar nossas frustrações e saber que em determinado momento, todos nos “trairemos” ou seremos “traídos”, ajuda a visualizarmos as pessoas com mais consciência, trabalhar melhor nossas expectativas e pôr limites às nossas idealizações.

Fonte: reflexoescorporativas

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