quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Se ...


Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo em redor já a perdeu e te culpa,
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses, no entanto, achar uma desculpa;

Se és capaz, de esperar sem te desesperares,
Ou enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;


Se és capaz de pensar -sem que a isso só te atires,
De sonhar -sem fazer dos sonhos teus senhores,
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudanças,
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que reste;

Se és capaz, de arriscar numa única parada,
Tudo quanto ganhaste, em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
A dar seja o que for, que neles ainda existe,
E persistir assim quando exaustos, contudo,
Resta a vontade em ti, que ainda ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes;
E, entre reis, não perderes a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade;

E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal, todo valor e brilho;
Tua é a Terra com tudo que existe no mundo,
E -o que é muito mais- és um Homem, meu filho!

Rudyard Kipling

Um comentário:

Anônimo disse...

Me lembrei do meu tempo de colégio quando eu declamava poesia.
Bjs.

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