sábado, 22 de novembro de 2008

As Mil e Uma Noites - Sherazade


Há muitos séculos atrás no antigo Oriente, Sherazade, uma jovem de beleza e inteligência extraordinária enfrentaria o poder do grande Sultão Shariman e conquistaria seu coração.
Ela criaria uma das mais belas histórias de amor.
No início de nossa história, Shariman é o poderoso Sultão que reinava absoluto no Oriente. Possuía um belo palácio em Bagdá e seu irmão chamado Shazaman dominava a China.
Um dia, Shazaman enviou um mensageiro a Bagdá convidando Shariman para uma visita. Shariman que gostava de viajar e estava com saudade do irmão, prontamente aceitou.
Estava êle no meio do caminho, quando lembrou-se que deixara no palácio o presente que daria ao seu irmão. Retornou inesperadamente ao palácio e pôde ver um dos súditos entrando no quarto de sua esposa. Enfurecido, Shariman apanhou a espada, e rasgando o véu que guardava a entrada do quarto dela surpreendeu os dois abraçados.
Shariman tendo sido traído por sua esposa, mandou cortar o pescoço dela, das escravas e dos escravos.
Shariman decidiu que não confiaria mais em nenhuma mulher. Para evitar traições, êle se casaria com uma jovem a cada noite.
Depois, ordenou a seu nobre Mustafá vizir, que trouxesse uma jovem virgem. Como vingança por ter sido traído, Shariman cada noite casava-se com uma moça diferente e, passada aquela noite, matava-a. Não cessou de agir assim por três anos.
Os seus súditos viviam entre gritos de dor e, aterrorizados, fugiam com as filhas que lhes restavam. Não ficou na cidade jovem alguma em estado de servir aos ímpetos do rei. Nesse ínterim, o rei ordenou ao vizir que lhe trouxesse outra jovem, como de costume.
O vizir saiu à procura, mas não encontrou jovem alguma. Todo triste, aflito, voltou para casa, com a alma cheia de terror, por causa do rei. Ora, o vizir tinha também duas filhas, cheias de beleza. O nome da mais velha era Sherazade e o da mais nova, Doniazade.
Sherazade, tinha lido os livros, os anais, as lendas dos reis antigos e as histórias dos povos passados. Possuía milhares de livros de histórias referentes aos povos e aos tempos passados, e sobre os reis da antigüidade, e os poetas. Ela era muito eloqüente e agradável de se ouvir.
À vista de seu pai, ela falou:
- Por que vos vejo assim, meu pai, tão mudado, carregando o fardo de desgostos e aflições? Nada pode durar; toda alegria se evapora e todo o desgosto se esquece!
Quando o vizir ouviu aquelas palavras contou à filha tudo quanto havia acontecido desde o começo até o fim, no que se referia ao rei.
Então Sherazade lhe disse:
- Por Alá, ó pai, casa-me com esse rei, porque ou viverei, ou serei um resgate para as filhas dos muçulmanos e a causa da libertação delas das mãos do rei!
Ele lhe respondeu:
- Por Alá, conjuro-te. Não te exponhas assim jamais ao perigo!
Sherazade retrucou:
- É necessário fazer isso.
O vizir, sem insistir, mandou preparar o enxoval da filha, depois subiu para prevenir o rei Shariman.
Durante este tempo, Sherazade fez recomendações à sua jovem irmã:
- Quando eu estiver junto do rei, mandarei chamar-te, e quando chegares e vires que o rei terminou seu assunto comigo, tu me dirás: “Ó minha irmã, conta-me contos maravilhosos que nos façam passar a noitada!” Então eu te contarei contos que, se Alá quiser, serão a causa da libertação das filhas dos muçulmanos!
Seu pai, o vizir, veio buscá-la e subiu com ela aos aposentos do rei.
Quando o rei quis tomar a jovem, ela se pôs a chorar e o rei lhe perguntou:
- Que tens?
Ela respondeu:
- Rei! Tenho uma irmãzinha a qual desejo dizer adeus.
Então Shariman mandou buscar a irmã, que veio e se atirou ao pescoço de Sherazade, e acabou por se acomodar ao pé do leito.
Depois do rei ter tomado Sherazade como esposa, os três começaram a conversar.
Então, Doniazade disse à Sherazade:
- Conjuro-te, por Alá! Ó minha irmã, conta-nos um conto que nos faça passar a noite!
Sherazade lhe respondeu:
- De todo o coração e como tributo de homenagem devida! Se contudo, assim permitir este rei bem educado e dotado de boas maneiras!
Quando o rei ouviu aquelas palavras, e como aliás tinha insônia, não se aborreceu por ouvir o conto de Sherazade. Ao amanhecer, Sherazade estava começando uma nova história.
O rei, muito curioso para saber do desfecho, decidiu não matar a moça, para que ela concluísse seu conto na noite seguinte. Assim foi acontecendo todas as noites. O rei Shariman foi ficando apaixonado por Sherazade e após mil e uma noites, resolveu ficar com ela para sempre...

Na verdade, a história de Sherazade não tem autor. As histórias de "As mil e uma noites" eram contadas de uma pessoa para outra e ninguém sabe quem as inventou. Fazem parte da tradição oral do povo árabe, com seus contadores de histórias que reuniam multidões nas ruas e mercados. A primeira versão do livro, "MIL CONTOS", surgiu na Pérsia, atual Iran, por volta do século X. O nome que conhecemos só veio depois, com os árabes. Muito supersticiosos, êles acreditavam que números redondos atraiam coisas ruins. Passaram o nome então para "AS MIL E UMA NOITES". Porém, como o original do livro nunca foi encontrado, há versões diferentes para a história de Sherazade. O final, no entanto, é sempre o mesmo...
(Julia Dias Carneiro - Ciencia Hoje das Criancas)

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails