sexta-feira, 21 de novembro de 2008

História de Athos e Flores Lilases


Era uma vez... um sábado frio, cinza, triste... uma certa mulher com um codinome que junta o modo carinhoso que é tratada em família a flores que são uma paixão, resolve ler perfis sem foto num site, afinal, as caras que ali estão são sempre as mesmas e o que se escreve é tão superficial, que, quem sabe encontre vida inteligente, ainda que sem um rosto. Lê atentamente, talvez tentando decifrar a alma masculina, matéria difícil de ser analisada.

Athos, hummm, um cavalheiro, vejamos! Os olhos passeiam pelo texto, a primeira análise o português: Ah, essa mania de professora! Perfeito para um perfil, resta agora saber o conteúdo, ler nas entrelinhas... "Ávido por bons livros", ele consegue a primeira aprovação, fuma socialmente, bom, muito bom... "Que aceite intensidades no gostar, que se sinta feliz por ser amada e necessária". Deus, ele escreveu isso pensando nela! "e que não seja, em nada, exagerada" ferrou! Bem, se ela aceita intensidade no gostar, ele pode aceitar seus exageros no gostar, sua infantilidade, sua insegurança.

A resposta ao beijo virtual vem rápida, recheada de delicioso exagero e de simples camponesa que cultiva flores lilases, ela se torna Lady. Ele a chama de Milady e ela se derrete. Ele se mostra descontente com a falta de resposta, ela desesperada por não conseguir se tornar assinante e poder responder a tão especial cavalheiro...

Ela finalmente consegue responder, ele lhe envia e-mails esperados e desejados e em um deles uma foto anexa. Ai meu Deus, que frio na barriga! Ela abre e olha... E o que vê? Não era um cavalheiro comum, com armadura prateada como tantos outros cavalheiros, mas um Príncipe de Ébano! Como lidar com isso? Algo totalmente novo.

Ela abre e fecha várias vezes o anexo e a cada vez que faz isso descobre algo novo, interessante... a postura elegante, o ar de segurança, a delicadeza no posicionamento das mãos...

Telefonemas são dados, todos os dias e, ela junta em pensamento a docilidade da voz, à figura da foto e sonha. Perfeito! Definitivamente ela gosta e ponto.

Mas seu príncipe de Ébano tem reservas no gostar, dúvidas na aceitação de sua Milady, afinal ela diz coisas que o fazem rir e o entristecem... não percebe que existe na mulher, uma menina assustada.

Chega o dia do encontro... noite mal dormida, insegurança, medo, medo, medo, Milady lida mal com a rejeição. Eles se abraçam, um abraço tímido, mais que normal, eles se olham, se analisam, Sir Athos é muito mais reservado que Milady. Seria medo ou havia ali se quebrado o encanto? Milady, morta de medo, só para variar faz comentários que talvez não devesse fazer... e apesar de saber diferenciar talheres de carne, de peixe, qual taça usar para vinho tinto, branco, água, come com as mãos! É preciso mostrar segurança em não ter que provar nada a ninguém. Que tonta!

Chega o "after day", nenhum telefonema, nada! E apesar de Sir Athos ter se "desabotoado todo" e falado de seus medos, Milady preferiu acreditar que não agradou. Carente, frustrada, insegura ela esquece que o outro é um ser humano igual a ela...

Os dias se passam, os e-mails desapareceram, os telefonemas escassearam e, ela não fez absolutamente nada inteligente para reverter a situação, ela não sabia como.

Não houve um: "E juntos viveram felizes para sempre", como foi desejado por ambos.

Hoje, em suas longas noites de insônia ela ainda sonha acordada, com o toque, o gosto, o cheiro de seu cavalheiro Athos, ainda escuta a docilidade da sua voz e ainda acredita que seria perfeito. Ele, não se sabe, supostamente segue sonhando com uma Milady, que lhe diga coisas doces, mas não sem sua armadura prateada, afinal, há que se esquivar da espada que fere... Não se tem notícias de que Milady e seu cavalheiro continuam sua busca, só o que se sabe é que ambos esperam encontrar o amor.
Escrito por Eliana Pires.
http://www.grandesautores.com.br/

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