
O cinema americano é conhecido pelos seus finais felizes. Especialmente os filmes românticos. Na narrativa clássica, as pessoas encontram um obstáculo bem definido e o resolvem no final. Mas Love Story não é assim, mesmo sendo um grande sucesso de público nos EUA. Love Story segue a fórmula infalível dos filmes românticos, mas desde o começo, o fatalismo é evidente. Todo o filme é um flashback, com Oliver (Ryan O’Neal) sentado na neve pensando em tudo o que aconteceu desde o seu encontro com Jenny (Ali MacGraw).
O começo do filme é espetacular. "O que se pode dizer de uma garota que morreu aos 25 anos? Que era talentosa, que tinha um grande futuro pela frente? Que gostava de Bach?". Ou seja, desde então, já sabemos da morte de Jenny.
O filme registra o primeiro contato entre Oliver e Jenny de forma bastante original. Objetivo, através de fragmentos, pedaços de contatos, o filme sugere a efemeridade da memória, a necessidade de se dirigir rapidamente para o desenvolvimento do relacionamento em si, que é o que mais interessa a Hiller. A câmera está sempre centrada em Oliver, de forma que a narrativa nunca é onisciente, mas sempre temos a visão de Oliver da história, já que é ele quem a está contando para nós em flashback (ou mesmo só se lembrando dela).
Jenny é uma menina inteligente, de classe média média, que tem um sonho de estudar música em Paris. Acaba encontrando Jenny numa biblioteca, e sinaliza diretamente para ele, embora ela seja conhecida por dificilmente ter relacionamentos, ao contrário de Oliver, um rapaz rico, bem enturmado por ser jogador de Hóquei, mas nem tanto inteligente. Não podemos dizer que os dois são opostos, mas existem diferenças importantes entre eles, especialmente pelo tipo de educação que tiveram. No início, Jenny trata Oliver com muita ironia, mas o contato se estabelece rapidamente.

O casal passa dificuldades, especialmente com dinheiro, mas Oliver insiste em não pedir ajuda ao pai. Ele quer conquistar tudo por seu próprio mérito, e assim aparentemente o consegue, com uma boa vaga em um escritório famoso. (Mas como o pai ainda preza muito o filho, e parece entender a sua escolha por seguir um caminho próprio, existe a possibilidade de o garoto ter conseguido a vaga pela influência indireta do pai, pois todos sabem que ele é o filho do fulano). Mas o diploma em terceiro lugar em Harvard diminui (ou suaviza) a possibilidade dessa tese.
Quando tudo parece afinal estabilizado, vem a notícia, seca, sem explicações, de repente, que caracteriza bem o absurdo da vida: Jenny vai morrer. E no seu último dia antes de ir para o hospital morrer, Jenny não quer realizar aqueles sonhos loucos de adolescente de visitar Paris, mas simplesmente quer ter um dia ao lado da pessoa que mais ama no mundo, um dia como qualquer outro. E eles fazem coisas aparentemente comuns: patinam no gelo, fazem compras. Jenny pergunta se eles têm grana para tomar um táxi. Oliver responde: "Claro! Para onde você quer ir?". A brilhante resposta é seca, imediata: "Quero ir para o hospital.". Depois daquela despedida, Jenny estava pronta para morrer. Não há escândalos ou gritos de ambas as partes. Jenny e Oliver estão conformados com o destino que é incontestável.

No hospital, o pai encontra Oliver, quando descobre o real problema. Jenny acabara de morrer. Mesmo assim, o filho ignora o pai. Esse ódio do filho para com o pai é um contraponto ao amor de Oliver por Jenny. Mesmo no final, a conciliação entre os dois é impossível. Oliver se senta sobre a neve, onde antes tinha passado momentos incríveis com Jenny. O paralelismo nos faz lembrar de uma poética cena anterior em que o casal faz bonequinhos de neve, e atiram bolas de neve um sobre o outro.

Texto: Marcelo Ikeda.
http://www.geocities.com/Hollywood/Agency/8041/lstory.html
Premiações:
- Ganhou o Oscar de Melhor Trilha Sonora, além de ter sido indicado em outras 6 categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Ryan O'Neal), Melhor Atriz (Ali MacGraw), Melhor Ator Coadjuvante (John Marley) e Melhor Roteiro Original.
- Ganhou 5 Globos de Ouro, nas seguintes categorias: Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor, Melhor Atriz - Drama (Ali MacGraw), Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Ator - Drama (Ryan O'Neal) e Melhor Ator Coadjuvante (John Marley).
http://www.adorocinema.com/filmes/love-story/love-story.asp
Um comentário:
Noosssaaaaaa....quanto tempo não víamos a imagem desse filme!
Beijocas,
Postar um comentário