sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Dos sentimentos verdadeiros...


Ainda existem? – pergunta um velho árabe perto de mim em um café de Sant Celoni.

Por certo que cada um experimenta sua verdade e seus respectivos sentimentos à medida que se depara com o real, imediato, intransferível. Digo isso, pois, este mesmo homem salientava que na guerra todo homem chora. Nenhum de nós, que nunca esteve em uma guerra, consegue mesurar a dor da perda imediata; em um único segundo! Também é certo afirmar que tal experiência promove a alteração mesmo nos corações mais duros.

Em minhas palestras, principalmente, nos meios acadêmicos, procuro sempre lembrar que somos movidos a sentimentos: positivos e negativos, os que nos elevam e os que nos afugentam... Eles estão em nós, fazem parte de nós. Não tocamos, não vemos, mas sentimos como uma força íntima que move nossas ações e a maneira como lidamos com eles é que faz a diferença.

Creio que desde a antiguidade o homem é ciente da força de suas paixões; a história nos relata que somos o que restou de todos estes sentimentos em forma de ação. Por esta via, digo que as nossas paixões são um retrato vivo da nossa realidade espiritual. Logo, elas nos expõem quando determinadas circunstâncias que se apresentam encontram ressonância em cada um de nós. É aí que, os mais sábios e despertos, afirmam que estamos todos no meio de uma poderosa transição. Quiçá, por esta via, a pergunta deste velho árabe tenha sentido em sua íntima instância de questionamento interno. Contudo, é nisso que elas nos influenciam: quando afrontamos as nossas mais puras verdades... Mas, como dizem os experientes, os arrastamentos existem, homens se tornam monstros, monstros se tornam homens!

Diante dos sentimentos verdadeiros, se é que existem, o que podemos dizer é que o ser humano, de forma geral, persegue a felicidade; imagina-se e deseja ser feliz. Para nós, a felicidade se compõe de um número determinado de realizações emocionais e materiais que, ao serem atingidas, nos colocarão de algum modo em uma posição estável na vida, nos levarão ao topo das metas humanas, e ali poderemos ficar longe dos problemas e sofrimentos até que uma morte agradável nos atinja (quase sempre uma morte tranqüila, sem dor nem sofrimento, de bem com a vida). Seria esta uma verdade? Seria capaz de estabelecer em nós a sensação de uma felicidade verdadeira, enquanto sentimento?

Um poema de mais de 1.800 anos de Nagarjuna – (Livro: “O Lapidador de Diamantes” - Gueshe Michael Roach)

“Eu lhe falarei brevemente sobre as belas qualidades
Daqueles no caminho da compaixão:
Doar, ética, paciência e esforço,
Concentração, sabedoria, compaixão.

Doar é dar para outros o que você tem,
Ética é fazer o bem para outros.
Paciência é desistir da raiva,
E esforço é a alegria que aumenta o bem.

Concentração num ponto fixo, liberdade de pensamentos ruins,
E sabedoria, decidem o que realmente a verdade é.
Compaixão é uma espécie de suprema inteligência
Misturada profundamente com o amor por todos os seres viventes.

O doar traz riqueza, o mundo bom vem com a ética;
Paciência traz beleza, excelência vem com esforço
Concentração traz paz, da sabedoria vem liberdade;
Compaixão realiza tudo aquilo que desejamos.

A pessoa que toma para si todos estes sete
E os aperfeiçoa, alcança
Aquele lugar de conhecimento inconcebível,
Nada menos que o de protetor do mundo. "

------------------------------------------------------------------------
por Jordan Augusto [ jordan augusto ]

Fonte: bugei

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails